sábado, 19 de março de 2011

Mais uma vez eu estava em um lugar desagradável. Pessoas estranhas, conhecidos estranhos. Lentamente, enquanto me virava para ir embora, tive segundos para reparar uma ultima vez naquela situação; definitivamente não era o meu lugar.
Olhei para cima.
Depois de tempo dessa vez foi fácil subir. Um sutil impulso com os pés foi o suficiente para me tirar do chão. Reconhecendo todo o controle que eu possuia naquele momento, depois de tantas vezes sendo puxada e aprisionada pelo solo, eu não hesitei e fui ganhando altitude, cada vez mais alto. Quanto maior a certeza que eu tinha na segurança, uma força crescente me impulsionava adiante, mais alto.
Nada me impediu, nada nem ninguém estava me segurando dessa vez. Nem as amarras invisível me detiveram a ascensão. Agora era e o céu. Novamente.
Ao longe o limite do céu se encontrava com o mar. Estava tudo escuro; a terra, a água, eu mesma mal me enxergava. No horizonte, todas as cores do céu se faziam, mesmo com o sol já posto, os raios transcendiam as barreiras como se a própria luz saísse de dentro do oceano. As nuvens ao longo de toda reta parecia barcos, ou melhor, algodão-doce; barcos de algodão-doce se estendendo e dissolvendo suas redondezas nas extremidades.
Meu olhos eram o controle, e minha mente o comando. Eu pensava: Azul! Amarelo! Laranja...Rosa...Rosado...Quando solicitava, o pintor assentia, como se adicionasse mais tinta a tela, que misturando com a tinha anterior dava origem a uma nova cor.
Eu queria toca-lo, então segui adiante. Apenas pensei e fui, leve e macia, até tudo se desfazer sumindo outra vez. Inclusive eu.

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