domingo, 18 de outubro de 2009

Telefoma das 15.

- Alô?
- Vamos andar de “bicicreta”! Não aceito não como resposta. O dia está lindo e da minha janela da pra ver o sol batendo nas folhas da arvore fazendo o verde brilhar, e todas elas estão me chamando para viver com elas. Quer ouvir?
- Ok, mas deixe as plantinhas pra outra hora. E não se apóie o parapeito na janela de novo.Por favor.


:)

Purgatório

Engole o choro.
Bebe o café de uma vez.
Está quente.Sem açúcar.
Bebe.Faz bem.
Queimo a língua.Que amargura
como a manhã em que me encontro
nem o sol ousou surgir, prefere ficar lá.
Eu também.
Come o pão.Sem manteiga?
Come.Não faz mal.
Pão puro desce seco.Sem frescura.
Mal cozido um gosto, fermentando
a embriaguez do bárbaro.
Não quero mais.Cala a boca,faz
Segura o choro. Não quero
nem quero lamentar o purgatório
inerte ao caminho, pesadelo.
Quero a lua.Tola.Sonha com o que não tem.
por isso é desilusão.
Agora vai.Vou, nada mais.

sábado, 17 de outubro de 2009

Parque General Leandro.

Local de tanto conto e encontros.Desde a primeira infância.Tantas histórias, em cada canto, brinquedo, ...
Desde os visinhos de prédio, tão conhecidos quanto os de porta, as crianças que com cada vez mais dificuldade tento reconhecer, a mendiga louca que é famosa e já virou mascote da rua (crueldades do cotidiano), até o cachorros, com coleiras,e os que vagam e os dormem, ali mesmo, como a mendiga, como se fosse, e é, seu lar.Nosso lar.
São as arvore que caracterizam o lugar, pois é cheio delas,tantas, essa que nos rende além de velhas lembranças, e sombra, frutos, alguns muito distintos como : pitanga, carambola, amora. Todas que eu mesma pude colher nas antigas tardes atoa.
As mesmas Cujo os nomes viraram também ponto de encontro, e é aqui que começa minha historia;
Os dias sem graça, de ver a mesma graça em tudo que vê. Já sei que o céu é azul, que o sol aquece, mas está chovendo. Se desprender do passado não é uma tarefa fácil, principalmente quando tudo que é belo te lembra ele, então, a solução é ver as coisas diferentes, mas o céu não continuaria azul?
O telefone da cozinha toca, e eu nada contente em atender- que pode ser? Saco- fui.
-Alô?
- OIE, vamos fazer pastel hoje?!
- Maninha, eu não quero sair hoje, não to animada, me desculpa.
- Mas eu vou fazer pastel pra gente! Para de gracinha e vem logo pra minha casa, se não eu vou ai te buscar! - Desse ela, em tom de brincadeira.
- É serio. Olha que eu não estou pra negar comida, principalmente a sua, mas nem tô legal, vou estragar sua noite – Eu ri.Minha amiga é um barato.
- Ah, que pena, então eu vou fazer aqui pra minha família depois eu passo ai na praça.Eu te ligo e você desce.Pode ser?
- Ok, na pitangueira?
- Sim sim, então vou logo! Beijos beijos!
- Beijunda.
Por instantes me senti reanimada, como se um choque de pequena voltagem tocasse meu coração que já estava parando de bater. Só ela.
Por volta das onze e meia o celular toca, e eu atendo.
- Já estou aqui na pitangueira.Desce e não demora porque tenho uma surpresa pra você.
- Ah que linda maninha –emocionada , de verdade- ok ok, eu já to pronta, to chegando ai.
Lavei o rosto.Eu que já estava com um casaco azul e shorts branco, só coloquei o chinelo azul, o celular no bolso, esbocei o que seria um sorriso para mim mesma no espelho e sai.
A rua estava deserta, úmida e fria.Andei até nosso ponto de encontro.Sim a arvore,que obviamente dá pitangas, e está na época, então suas frutinhas estão todas vermelhas enfeitando seus galhos como se fosse uma arvore de natal, cheia de bolas vermelhas, contrastando com as folhas verdes e cheirosas.Mas melhor dizendo, ela estava sentando no banco que fica exatamente embaixo da copa da arvorezinha, que tanto nos protege do sol da tarde, das gostas de chuva, quanto das pessoas que passam que mal nos enxergam lá “escondidas”.
De longe avistei o que poderia ser um anjo, mas era minha amiga,sentada no que chamamos de “nosso lugar” , sorrindo para mim.Não contive a imensa onda de alegria e antes mesmo de chegar dei um pequena gargalhada, não pela sua cara engraçada, tadinha, sozinha na rua me esperando rindo, mas por como poderia,ela, ser verdade.
Cheguei mais perto e percebi que ela estava de casaco branco, shorts azul e chinelo branco. Coincidência?
- Oiie – disse eu, já bem mais animada, sentando ao seu lado.
Seus olhos brilhavam mostrando sua jovialidade e energia naquele momento, mas confesso que pra mim, seus olhos sempre tem um brilho especial, e um tom sempre acolhedor.
- Olha o que eu trouxe pra você - disse Fernanda, tirando um pote que continha um pastel consideravelmente grande e cheiroso, de dentro da mochila que estava do outro lado, e em seguida me entregou.
- Ah que gracinha, não acredito!
Como aquele ser humanos poderia ser tão gentil, eu merecia tudo aquilo? Não sei.Tomara que sim.E ela continuou a mexer na mochila e tirando um saco plástico da padaria com uma coca-cola dentro e me entregando.Nesta altura eu já estava sem palavras, que até um “obrigada” parecia grosseiramente desdenhoso.
- E ainda trouxe uma “coquinha” pra você. Sei que você não gosta muito de Guaraviton, e vai combinar mais também.
- Cara, você não existe.
E o mundo não parou de girar, e a magia não deixou de existir.O resto toma segundo plano ao seu lado, quando estamos a sós a dinâmica vira duas : Nós e o mundo. A vida é verdade e ilusão quando estou com você.
Nunca vou me cansar de parar algumas horas do meu dia para tentar descobrir de onde vem toda essa amizade. Tenho que aprender a me contentar em apenas aceitar que você, sim, existe. Não sei se entende como é maravilhosa, e como me faz bem. Como transforma meus dias, tatua minha historia com flores e frases de carinho.
Isso é muito mais do que amor, é a mais plena e saudável forma de troca humana, e eu não estou querendo parecer racional, porque isso é bastante emocionante para mim.
Somos cúmplices dos nossos sentimentos, somos responsáveis por nossa dedicação, e somos felizes por não quebrar nosso laço, que não só pra rimar, mas é, de eterna união.
Isso é puro, é de verdade, é indescritível.
Felicidades nossa.

Como poderia viver o homem como estrelas?
Essa só você me responde.