Diario de voo

Bastou o avião acelerar ainda na pista de decolagem para meu coração bater a mil. Meu pé, lá em baixo, discreto, balançava freneticamente.Minhas mãos estavam dadas, se alisando com um dedo como quem consolava. Uma pequena lagrima ameaçou surgir, esfreguei o rosto e pensei como eu era boba, medo de criança - voar de avião; logo pra mim que já viajei tantas vezes, cada uma é sempre a mesma sensação: medo.
'Relaxa, relaxa', pensei varias vezes.Assim que aquele trambolho,lindo e pesado subiu em direção ao céu, aproveitei para olhar a vista.Primeiro a Baía de Guanabara, depois mato, montanhas, casinhas, até o avisão fazer a curva e assim mostrar a minha parte da cidade conhecida,e me permitir dar um ultimo "até logo" da pequena janelinha.
Depois de atingir a altitude e estabilizar, eu fico bem.Bem até demais, aproveitei para dormir o que nao tinha conseguido fazer a noite[Havia acordado 6 horas da manhã, tive uma noite mal dormida, fiquei com medo de perder o voo, e caso isso acontecesse, levaria uma bronca colossal da minha mãe.Conferi a mala, liguei para o radiotaxi, cheguei no aeroporto Antonio Carolos Jobim, ficado quase 1h na fila do check-in sozinha, depois esperando na sala de embarque até, enfim, 10h entrar na aeronave, sentir grandes emoções...Ufa!].É, eu consegui dormir.
Uma hora e meia depois, estava changando em Brasilia, nossa grande capital - ARRUDA FOI PRESO. Planejei tacar ovo no planalto.Não fiz.Voltei a realidade e a minha nova emoção, novamente desagradavel, O pouso.Vou me poupar de lebrar detalhes, mas aquela lagrimazinha dessa vez caiu, tadinha, e eu quase cai no choro [ tive a sorte de pegar um piloto tão experiente, que se sentia num avião acrobatico, e de lupim em lupim descia a altitude]
Em terra, ainda atordoada, esperei na esteita a minha mala passar, e assim que peguei fui me sentar num banco para esperar alguém (quem?) me buscar. Momentos tensos de novo, até que felizmente meu desespero do abandono repentino passou quando vi minha tia passando.Graças a Deus acabou.
Daqui a quinze dia tem mais, ai...